Escrever / Ler poesia é um exercício de fingir o que se sente, de sentir o que se finge. É um exercício de viver. Vivendo, escrevendo... fico com Fernando Pessoa: "Sentir, sinta quem lê!"
Deitada ao sol, consenti
Que seus raios quentes
Me penetrassem fundo a pele
E que a brisa suave alisasse
As rugas que o tempo esculpiu.
Por um instante
Me senti poderosa
Possuída pela divindade!
(Maio, 2014)
***
Mais de 60
Sessenta
mil milhas percorridas,
Sessenta
anos queimando ilusões!
Pelas
sete partidas do mundo
Me
perdi e me achei.
Em
cada porto
Deixei
farrapos de vida
Espalhados
a esmo
E a
rosa dos ventos girando ensandecida
Aportou-me
aqui, lugar de doce fel,
Da
amarga delícia de viver.
Aqui preenchi as horas
Do silêncio que se escoou por entre os dedos.
Na praia deserta as velas pandas se rasgaram
E os mastros quebrados revelam
Que a bússola perdeu a rota
E agora
Meu barco voga à deriva
No mar sem fim da solidão!
(29/11/2007)
***
Teço
palavras
Cruzo
e descruzo
Ponto
e pesponto
Desponto
O
desenho
Delineado
Cruzo
linhas e tecidos
E
tecidos e palavras
Texto
e tecido
Fio
frágil
Que
laço e entrelaço
No
fim
Meu
traço lasso
Repousa
satisfeito
Tecido
de Ideias e palavras.
(2013)