27.12.23

Vazio

 

Ainda sinto

Tuas mãos suaves deslizando

No meu corpo

Descobrindo reentrâncias que até eu desconhecia.

 

Às vezes é só fechar os olhos

Para sentir teus lábios

Tocando os meus e,

Num ímpeto,

Não sei onde começou

Onde termina aquele abraço.

 

Não importa em que porto me perdeste,

Marinheiro gingão, ou

Piloto sem aeroporto de destino

Comandante de navio

Que naufragou perto da costa.

 

Onde a tua voz de veludo,

Teu olhar apaixonado

Tuas mãos dedilhando cordas

De uma viola sem som

 

Onde o mar e o céu?

Só ficou o vazio em que,

Para sempre, mergulhaste!