12.6.20

Cheiro de Terra Molhada


Ainda trago na pele
O cheiro de pinho queimando na brasa
E da lareira acesa o dia inteiro
Onde a panela de ferro cozinha lentamente
Uma sopa de pedra rescendendo a toucinho

No ar o perfume de alfazema colhida no campo
Onde as papoulas vermelhas
Gritam sua presença entre o dourado do trigo maduro

Ainda sinto os pés descalços
Molhados na poça que a chuva deixou
E o cheiro de terra molhada, de relva cortada,
Que não se apagou...

Se fecho os olhos
Ainda vejo a menina correndo, correndo
Entre campos e pinhais
Tão livre, tão solta, tão cheia de vida
De largo sorriso

Meus olhos abertos,
Só veem desertos
Tempestades de areia
Me fecham os olhos...

O oásis ressurge
Mas nada, agora, sacia minha sede!

 12/06/2020