As onze badaladas
do sino
Despertam-me do
sonho.
Nele, uma mesa
posta com requinte e simplicidade.
A toalha de renda,
As flores sobre a
mesa
E a delicadeza das
mãos
Deslizando sobre
as teclas do piano
Seguidas por uma
voz doce e suave
Numa noite quente
de verão.
Era julho com
sabor de agosto
E a lua prateava lá fora.
Uma atmosfera de
paz bucólica
Um momento
suspenso
De um tempo que
parece não existir...
Chega-me de longe,
de muito longe,
Um som de copos e
talheres tinindo,
Vozes abafadas,
rostos de agora,
Que se confundem
com os de ontem,
Como se nos
conhecêssemos de longa data
E, no entanto, é a
primeira vez que estou aqui.
Há vinho, risos,
cantos e... encantos,
Um perfume
campestre de margaridas
Ou violetas, que
apenas vive em mim.
E, em tudo, sinto
o calor envolvente do afeto
Que rege esta
orquestra de um breve conto de fadas
Em pleno século
XXI.
A vida que vivi, e a que queria viver, nem
sempre caminharam em harmonia pelo tempo. No entanto, às vezes acontecem momentos
únicos, tão especiais, que merecem ser lembrados. Não importa se existe, ou
não, um registo fotográfico do acontecimento. O que importa é a verdade do que
ficou em nós.