20.10.23

MOMENTOS


As onze badaladas do sino

Despertam-me do sonho.

Nele, uma mesa posta com requinte e simplicidade.

A toalha de renda,

As flores sobre a mesa

E a delicadeza das mãos

Deslizando sobre as teclas do piano

Seguidas por uma voz doce e suave

Numa noite quente de verão.

 

Era julho com sabor de agosto

E a lua prateava lá fora.

 

Uma atmosfera de paz bucólica

Um momento suspenso

De um tempo que parece não existir...

 

Chega-me de longe, de muito longe,

Um som de copos e talheres tinindo,

Vozes abafadas, rostos de agora,

Que se confundem com os de ontem,

Como se nos conhecêssemos de longa data

E, no entanto, é a primeira vez que estou aqui.

 

Há vinho, risos, cantos e... encantos,

Um perfume campestre de margaridas

Ou violetas, que apenas vive em mim.

E, em tudo, sinto o calor envolvente do afeto

Que rege esta orquestra de um breve conto de fadas

Em pleno século XXI.

 

 A vida que vivi, e a que queria viver, nem sempre caminharam em harmonia pelo tempo. No entanto, às vezes acontecem momentos únicos, tão especiais, que merecem ser lembrados. Não importa se existe, ou não, um registo fotográfico do acontecimento. O que importa é a verdade do que ficou em nós.