De
meus avós lavradores herdei a enxada
Com
que venho cavando a vida.
Tantos
foram os pedregulhos
Que
precisei, mil vezes, afiar a lâmina.
Os
torrões mais duros foram desfeitos com persistência
E da
terra boa só restou um exíguo canteiro.
Cultivo-o
com carinho, para não ser invadido
Pelas
ervas daninhas.
Herdei
ainda o sol que queima meu rosto
E a
brisa que despenteia meus cabelos.
Às
vezes, um beija-flor atrevido
Vem
beijar alguma flor distraída
Que
teima em morar no meu quintal...
Quando
a tarde chega
Apoio
as mãos calejadas no cabo da enxada
E
contemplo o morrer do dia
Na
esperança de um amanhã
Risonho
e florido,
Colorindo
a aridez deste deserto!...
25/11/2024