25.4.16

Sobre o ato de Escrever



         Só gosto de escrever à mão e a tinta! Sim, detesto a escrita a lápis e tenho até uma teoria, para a não utilização do lápis na formação da escrita escolar.
        O lápis é um instrumento de insegurança, pois anda fatalmente atrelado à borracha, numa eterna dança de escreve-apaga. A borracha, na sua ânsia de perfeição, apaga a toda a hora o que o lápis, com tanto esforço, acaba de escrever. É isso que deixa inseguro o autor da escrita. Não conseguir a perfeição!
       A caneta desliza pelo papel em branco, segura de si, marca-o, não desfaz, não apaga (afinal a tinta é permanente!) e, quando se engana ou desiste do que acabou de dizer, risca e continua, mas o dito anteriormente, está lá sob o traço, lembrando ao escriba, aquilo que foi dito (querendo ou não). Lembrando-lhe que escolheu dizer, de um outro modo, melhorado, o pensamento que tinha chegado de forma tímida, imperfeita... À medida que escreve, risca, reescreve, reconta, firma sua opinião. 
        O pensamento a lápis (apagado, apagável) é um outro, quando se escreve de novo. Já o riscado e reescrito é o mesmo, reformulado, melhorado. É o que se sabe, mesmo sem ter a certeza de saber.
       É por isso que digo, e repito, escreva sempre a caneta de tinta permanente. Reveja, leia, releia, risque e rabisque. O que sobra é o texto, a ideia organizada e pronta a ser oferecida a um possível leitor que, mesmo sem concordar, se debruça e reflete, criticando, apoiando, sentindo (quem sabe) o prazer e ler!

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